Cerca de 4% da população sofre de afantasia, ou seja, é incapaz de sonhar, de visualizar imagens que os olhos não estão a ver ou de imaginar seja o que for. A história desta condição foi contada pela BBC através do médico venezuelano Guillermo Acevedo.
Acevedo, de 35 anos, vive em Espanha desde 2013 e referiu ao mesmo jornal que o seu cérebro “é como um computador com o monitor desligado ou que só armazena arquivos de texto. Não suporta jpg, png ou nenhuma imagem”.
O profissional de saúde contou que só descobriu que sofria desta condição quando trabalhou num hospital psiquiátrico e se debruçou na neurologia, encontrando um artigo de 2005 que falava sobre a “mente cega”.
O médico referiu que não sabia que as pessoas conseguiam mesmo visualizar e reproduzir imagens na sua cabeça e que pensava que os sonhos eram algo “metafórico”. “Se alguém disser para imaginar uma maçã, a pessoa fecha os olhos e visualiza uma maçã porque os neurónios do cérebro que têm a imagem da maçã são ativados, mesmo que não tenha uma maçã à frente. Eu não consigo fazer isso. Sei o que é uma maçã, conheço a forma e as cores mas não consigo vê-la graficamente quando não a tenho na minha frente”, referiu Acevedo.
Apesar desta incapacidade, o capacidade cerebral e intelectual de Guillermo não é afetada e não lhe causa qualquer dificuldade, apenas não consegue visualizar o passado e as memórias que já viveu.
“Eu sofro pouco. Quando deixo de ver a pessoa ao vivo, a dor passa. Só quando vejo uma fotografia é que me lembro. As memórias não me prendem. Eu vivo no agora”, concluiu.